quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Fúria da Foice

Foice de amarguras,
sua fúria ceifou
minha alma , deixando
minha aura escura.

Fúria da foice que domina
vem chegando e podando
toda alegria, numa fúria incessante
e enlouquecida.

Cortou minha trilha,
ceifou minha vida,
arrancou do meu peito
a esperança contida.

Esta fúria que move
montanhas, que parte
em duas partes minhas
feridas, feito a foice da morte
marcada para aquele dia.

Mata tudo que vem pela frente
a fúria da morte,
feito foice demente,
afiada de dois gumes delinquentes

Nessa ira que me envolve,
nessa foice que me corta
eu me entregarei ao ócio e naquele
pódio que nunca pertenci, deixarei
que a fúria da foice me dilacere até me
sucumbir.

Fúria da mente
foice do ódio,
morre tudo que se tem,
mata tudo que se pode.

Leni Martins

Solidão

Solidão é espaço vago no coração,
não tem fundo, nos afunda no abismo
da escuridão, é vazio cheio de despeito,
um buraco no peito, um deserto de amplidão.

Solidão é um silêncio medonho,
do tamanho do próprio ser, que enche
a alma muitas vezes sem um porquê.

Solidão é como um barco naufragado,
sem um porto para ancorar, que vagueia
sem rumo, perdido em alto mar.

Solidão é caminhar conversando com
própria sombra refletida, e na loucura
de cada passo saber que esta sombra
tem vida.

Solidão é chuva fina em dias de frio,
é observar da vidraça os pingos caindo
até se formarem um rio.

Solidão não tem chão,
não tem fundo,
é buraco profundo
criado no coração.

Solidão é flor sem perfume,
céu sem mar,
mar sem ondas,
noite sem luar,
é rastro desmanchado pelo vento
de um pássaro que já não pode
mais voar.

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