Fúria da Foice

sua fúria ceifou
minha alma , deixando
minha aura escura.
Fúria da foice que domina
vem chegando e podando
toda alegria, numa fúria incessante
e enlouquecida.
Cortou minha trilha,
ceifou minha vida,
arrancou do meu peito
a esperança contida.
Esta fúria que move
montanhas, que parte
em duas partes minhas
feridas, feito a foice da morte
marcada para aquele dia.
Mata tudo que vem pela frente
a fúria da morte,
feito foice demente,
afiada de dois gumes delinquentes
Nessa ira que me envolve,
nessa foice que me corta
eu me entregarei ao ócio e naquele
pódio que nunca pertenci, deixarei
que a fúria da foice me dilacere até me
sucumbir.
Fúria da mente
foice do ódio,
morre tudo que se tem,
mata tudo que se pode.
Leni Martins
Solidão

não tem fundo, nos afunda no abismo
da escuridão, é vazio cheio de despeito,
um buraco no peito, um deserto de amplidão.
Solidão é um silêncio medonho,
do tamanho do próprio ser, que enche
a alma muitas vezes sem um porquê.
Solidão é como um barco naufragado,
sem um porto para ancorar, que vagueia
sem rumo, perdido em alto mar.
Solidão é caminhar conversando com
própria sombra refletida, e na loucura
de cada passo saber que esta sombra
tem vida.
Solidão é chuva fina em dias de frio,
é observar da vidraça os pingos caindo
até se formarem um rio.
Solidão não tem chão,
não tem fundo,
é buraco profundo
criado no coração.
Solidão é flor sem perfume,
céu sem mar,
mar sem ondas,
noite sem luar,
é rastro desmanchado pelo vento
de um pássaro que já não pode
mais voar.
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